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Diretora de Escola Pública Estadual

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Projeto Educativo Focado no Bairro ou na Cidade.

Para um projeto educativo focado no bairro ou na cidade é necessário um conhecimento prévio, se existem peculiaridades, valores, histórias de pais e avós, hábitos ou costumes da região que possam estimular o interesse dos alunos, já que dela fazem parte, sem ignorar suas experiências vividas por ele, no meio em que reside, estuda ou freqüenta, antes de pensar nas estratégias a serem propostas. Um projeto desse porte pode favorecer descobertas pelo aluno como ser social vinculado ao meio inserido.
Na nossa escola, nós pensamos em um projeto que revelasse a história da cidade de Guarulhos, pois nessa cidade existem culturas oriundas do norte do país além das próprias origens da cidade na época de sua fundação.
Baseados em dados do IBGE (PNAD, 1993), verificou-se que existe um grande número de migrantes do Estado da Bahia na Grande São Paulo, ou seja, 1.120.588 pessoas. Esses migrantes se encontram em vários bairros de São Paulo, Santo Amaro, Taboão da Serra, no ABC, em Mauá e Guarulhos. Ao consultar o site da Prefeitura de Guarulhos, na Internet, buscando dados históricos, verificou-se que Guarulhos antes de sua fundação era um aldeamento dos índios Guarus da tribo dos Guaianases, integrantes da nação Tupi, que deu origem ao nome da cidade. A Idéia chave escolhida deveria levar as crianças e adolescentes que estudam na EE “Profª. Vilma Maria dos Santos Carneiro” em Guarulhos, a pesquisarem, investigarem e aprenderem em grupos, as experiências significativas e oriundas desta região e também da região Nordeste.
Procurou-se efetivar as memórias incorporando-as a partir desses grupos que viveram ou ainda vivem nesta cidade, semelhanças entre hábitos, crenças, costumes e acontecimentos passados, seja da própria cidade ou da região de onde são originários quando a ponte de referência eram os nordestinos, através de pesquisas, coleta de dados e análises entre os moradores mais antigos do bairro em questão.
A cor da pele, classes sociais, moradias, gostos culinários, aspectos físicos ou culturais, foram destacados em várias atividades realizadas nas salas de aulas, com aspectos que são resultados de gostos ou formas culturais do grupo social a que fazem parte como a família, religião, escola, etc., se percebendo envolvidos, reconhecendo as afinidades e relacionando marcas sociais entre si.
Todo esse processo fez parte do desenvolvimento do aluno e de sua apropriação, pois se tratou de um momento de descobrimento de fatos e costumes do local onde vivem e dos ambientes aos quais freqüenta. Os professores se envolveram, buscaram fotos antigas da região e através de slides, mostraram as modificações advindas com o progresso com fotos atualizadas dos locais mostrados anteriormente. Também se resgatou o hino à cidade que os alunos sequer conheciam sua existência.
Nessa ocasião, nossa escola havia recebido a denominação atual, que leva desde novembro do ano de 2009, em homenagem a nossa então Patronesse Professora Vilma Maria, ex moradora do bairro, cuja origem é o interior do estado da Bahia, seu filho mais novo é nosso aluno até hoje e ela, atuou na Unidade Escolar em 2002, 2003 e 2006, além de fazer parte de projetos sociais da Igreja Católica local.. Veio a falecer em 02 de janeiro de 2009, vítima de Câncer. A homenagem foi a pedido da Direção da Escola, enfatizado por 400 assinaturas da comunidade, mais atas do Conselho de Escola e APM à um determinado Deputado Estadual que executou o Projeto Lei, posteriormente aprovado pela Assembléia Legislativa.. Todo o processo fez parte do projeto em pauta, que se encerrou com uma solenidade de homenagem a família da patronesse, infelizmente com presença modesta da comunidade. No entanto, pode se dizer que o projeto foi um sucesso. Muitos dos nossos objetivos foram atingidos e o envolvimento da equipe escolar foi contagiante.
Porém, nem todas as nossas idéias conseguem alcançar o mesmo nível de euforia. Em outro projeto pensado pela equipe escolar que visava ampliar o universo cultural dos alunos além de envolver a comunidade estava indo muito bem no início, mas acabou se perdendo pelo caminho.
Tratava se de um projeto que induzia a leitura de vários gêneros literários aos alunos visando aproximá-los dessa natureza. Era efetivado através da entrega semanal pela Direção/Coordenação de uma mochila contendo livros, gibis, panfletos, folders e cordéis variados à cinco ou seis alunos e ficam encarregados de ler o conteúdo do kit com seus familiares. Após uma semana, realizávamos as trocas dessas mochilas entre outros alunos de uma mesma sala. Além do acervo literário, o Kit possuía um caderno onde os leitores deviam realizar registros sobre as experiências da leitura coletiva ou individual obtida a cerca dos livros, dos escritores, poetas, ilustradores, das histórias lidas e das que gostariam de ler, seja este o aluno ou seus familiares. Verificava se, que a leitura desses registros pelos receptores do Kit a cada semana, contagiava e estimulava os novos leitores.
Infelizmente, os professores não se envolveram de fato, algumas famílias não devolveram as mochilas na data marcada, não tínhamos pessoal disponível para questionar por essa devolução, alguns kits se perderam e o projeto foi abandonado talvez por falta de compromisso de alguns familiares, ou por falta de recursos humanos por parte da escola, ou pelo tempo que começou a se tornar escasso mediante outros afazeres no dia a dia da Direção e Coordenação da Escola, ou ainda pela falta de melhor planejamento do processo. Mas ainda queremos reformular nossas ações e retomá-lo, porque os poucos resultados conquistados foram significativos. Os pais que se empenharam em seguir as regras do “jogo”, fazendo a leitura em casa, registrando o que haviam realizado e devolvendo na data marcada com responsabilidade, revelaram que a nossa idéia era interessante, além de proporcionar momentos diferenciados em sua rotina familiar.

Analisando situações reais e cotidianas nas escolas públicas do Estado de São Paulo

Abaixo são relatadas duas situações reais:

(1) Nos primeiros tempos de formação do referido grupo de estudos composto de diretores, coordenadores pedagógicos e supervisores escolares, eram muito freqüentes as interrupções nos trabalhos causadas por toques de celulares, especialmente, das diretoras. Questionados a respeito, as argumentações vinham da seguinte forma:O diretor de escola é um burocrata e está encarregado, de certa forma, a manter estruturas existentes e satisfazer os desejos dos seus superiores hierárquicos, com os quais comumente se identifica. Contudo, em alguns setores da escola, age de forma autônoma, e a maneira como isso se realiza evidencia a maneira de como exerce sua autoridade em cada um dos diferentes domínios em que atua. De acordo com Kurt Lewis, em suas formulações datadas da metade do século XX, o exercício de controle e as relações entre os indivíduos em grupos, se classificam por controle autocrático, controle democrático e controle laissez-faire. Tirando proveito dessas formulações, entende se que um diretor de escola pode exercer controle autrocrático ao exigir obediência, não admitir qualquer tipo de discussão, determinando o caminho a ser seguido e tomando decisões isoladamente, sendo um “sabe tudo” ou “melhor que os outros”. O controle democrático se caracteriza pela ação coletiva, onde o diretor integra as idéias e contribuições dos professores em seu trabalho. Esse tipo de controle implica discussão e acordo nas decisões a serem tomadas pela equipe. Por último, o controle laissez-faire onde o diretor dá “carta branca”, deixando aos professores o cuidado de fazer a escola funcionar. Nesse caso, o controle por parte do diretor é mínimo e dá a todos muita liberdade em suas ações. Seu papel se restringe aos problemas administrativos e à resolução de dificuldades inesperadas.

“- É impressionante! Aquela escola não anda, se eu não estiver lá! Tudo tem que passar por mim! Não sou dona de ter meus tempos para atividades próprias” (resposta dada por uma Diretora)

(2) Em um momento de discussão, o desabafo de uma Diretora:

“- Sabe, eu estou cansada! Talvez seja o caso de eu me remover. Não agüento mais ter que ficar andando, de um lado para o outro, na escola para ver se as pessoas estão cumprindo suas tarefas como professoras. Acho um absurdo, porque, afinal de contas, as pessoas deveriam respeitar o fato de serem funcionários públicos e de terem uma responsabilidade com a comunidade. No entanto, a gente tem que ficar em cima cobrando a todo o momento. Estou exausta disso. Parece que só eu penso assim. A gente fala, fala, fala e as pessoas nem ai ! ”


Considerando se também as idéias de Day (2001), existem três tipos de liderança:

· Liderança normativo instrumental , que se trata da influência exercida pelo diretor de escola sobre os professores, para que estes acatem a visões, metas e expectativas dele próprio;

- Liderança facilitadora, onde as estratégias do diretor se fixam na confiabilidade nos professores e ao apoio oferecido pela direção ao desenvolvimento profissional , na ações inovadoras, no trabalho individualizado e no suporte às iniciativas.

· Liderança emancipadora , que se sustenta por três princípios - participação, equidade e justiça social. Combina princípios de relacionamento humano com respeito individual e coletivo.

Sendo assim, analiso que os relatos das situações reais das diretoras para essa atividade, são exemplos específicos e que ilustram casos de controle autocrático e de liderança normativa instrumental, baseada no entendimento das discussões realizadas neste tema e nas referências adotadas.
Concordo quando se alega que dirigir ou liderar uma instituição escolar não se trata de orquestrar mediante comandos preestabelecidos abstraindo outros fatores importantes para o ensino. Para atuar como líder formal em uma escola é necessário ter claro as limitações de ação de um administrador e a percepção de introduzir pessoas lideres no plano de idéias e realizações no momento da tomada de decisões, no sentido de acatar as colaborações provenientes dos docentes.

“O que se exige da liderança escolar é algo muito forte: a mobilização das pessoas no que tange ao fortalecimento das relações interpessoais e à disposição para efetuar a circulação de saberes e experiências entre os membros da equipe.” (Liderança, Poder e Autoridade, Tema 2, p.27)

Cabe-nos a tarefa, nada fácil de exercer, de estabelecer na escola uma cultura que vise o desenvolvimento profissional e institucional, tendo como direção, a formação de uma comunidade de aprendizagem comprometida com a qualidade do ensino e das condições de trabalho. É preciso liderar sob forma democrática e emancipadora, segundo os autores citados, quebrando o padrão de organização da educação onde os professores não são considerados em seus conhecimentos e idéias, afinal o envolvimento de todos garantirá a divisão de responsabilidades pela escola e a superação da lógica hierarquizada.

Como se pode ser utilizado o conceito de planejamento estratégico de Drucker (1984), tomando por base resultados do Saresp

Com certeza, os resultados do Saresp nos ajudam a diagnosticar que existe algo caminhando, ou não, de maneira adequada na escola, no entanto não nos dá informações precisas a cerca das intervenções mais acertadas para cada caso, visto que os resultados são globais, da escola como um todo, comparados aos resultados da Diretoria de Ensino ao qual pertence a escola, do Município e Coordenadoria ao qual está inserida, ainda do resultado do Estado inteiro. Penso que quando os Relatórios Pedagógicos do Saresp chegam às escolas, estes nos permitem uma reflexão sobre o processo de ensino e aprendizagem e nos auxiliam enquanto subsídio nas ações pedagógicas e apesar de trazerem uma análise qualitativa dos resultados dos alunos da rede estadual, e não da escola, esclarecem qual competência ou habilidade foram necessárias para responder uma ou outra questão. Esse documento colabora na reorganização de nosso trabalho de forma discreta, pois, não temos acesso aos resultados individuais, ficamos sem saber se o nosso aluno em específico elucidou tais competências e habilidades corretamente, e se não, quais foram esses alunos. Para nosso estudo e identificação das reais intenções implícitas naquelas questões, esse documento é muito enriquecedor, mas insisto em minha opinião de que com base no boletim dos Resultados (que determinam apenas as porcentagens dos alunos que se encontram em níveis de proficiência considerados abaixo do básico, básico, adequado e avançado) e nesse relatório, acrescidos de que o acesso as provas não nos é permitido e não temos conhecimento de quais questões nossos alunos se saíram bem ou tiveram dificuldades, os pontos fortes ou fracos de cada escola não ficam estabelecidos, mesmo que determine que a escola possa estar necessitando de maior atenção. Mesmo assim, quando recebemos os resultados das avaliações externas, não deixamos de realizar uma análise minuciosa, mesmo tirando conclusões superficiais. Digamos que esse resultado é um instrumento a mais na identificação diagnóstica necessária na realização da apreciação do ambiente e na constituição de um propósito de qual direção que a escola deverá seguir para aproveitar as oportunidades e evitar riscos sob o conceito de planejamento estratégico de Drucker (1984).





Paralelo entre os dispositivos legais e as demandas sociais pelo direito de acesso à educação escolar

Constituição Federal de 1824 – com poucas referências à educação, contando com um inciso 32 do artigo 179, que estabelece que a “instrução primária é gratuita a todos os cidadãos” = No entanto foi um direito de poucos, visto que a maioria da população era escrava.



Constituição Federal de 1934 – Declarou a educação como direito de todos e estabeleceu-se que o ensino primário deveria ser obrigatório e extensivo aos adultos = Marco na garantia aos direitos educacionais (influência das idéias do Manifesto dos Pioneiros da Educação de 1932), no entanto com carência de políticas que universalizasse o ensino primário e ampliasse o atendimento gratuito do ensino secundário a fim de torná-lo mais acessível.



Constituição Federal de 1937 – art. 125: [...] a educação integral da prole é o primeiro dever e o direito natural do país. O Estado não será estranho a esse dever, colaborando de maneira principal ou subsidiária, para facilitar a sua execução ou suprir as deficiências e lacunas da educação particular = Retrocesso em relação ao dever do Estado de garantir a educação pública. Prioriza a escola privada na efetivação ao direito à educação, cabendo ao Estado um papel subsidiário.



Constituição Federal de 1946 – art. 166: “a educação é direito de todos e será dada no lar e na escola. Deve se inspirar nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana.” = Retoma a idéia de que a educação é um direito de todos e a vinculação de recursos financeiros; Ampliou progressivamente o ensino gratuito após o primário, garantindo a todos aqueles que comprovassem insuficiência de recursos. =
Primeira lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), lei nº 4.024/61 = Reafirmou o previsto na Constituição de 1946, no que se refere à Educação, no entanto sem corresponder às expectativas progressistas da mesma.



Constituição Federal de 1967 – institui ensino obrigatório dos sete aos catorze anos de idade e desvincula constitucionalmente os recursos financeiros que seriam destinados à Educação = Significou avanço por um lado e retrocesso de outro. Considerado marco do anseio popular pelo aumento da escolaridade e pélas necessidades econômicas advindas da forte industrialização pela qual o país passava e pelo processo de urbanização.



Emenda Constitucional (EC) nº1/1969 – Art. 176: “a educação, inspirada no princípio da unidade nacional e nos ideais de liberdade e solidariedade humana, é direito de todos e dever do Estado, e será dada no lar e na escola.” = Reconhece a Educação como dever do Estado.



Segunda lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), lei nº 5.692/71 - Fundiu o ensino primário com o ensino ginasial e os denominou como ensino de 1º grau/ determinou que o antigo Colegial seria chamado de ensino do 2º grau  = Fixou as diretrizes e as bases para o ensino de 1º e 2º graus. Fim dos exames de admissão para ingresso ao ginásio – ampliação de oportunidades de escolarização às classes populares.



Constituição Federal de 1988 - Coroa o processo de construção ao direito à educação na legislação Brasileira = Reafirma que a Educação é direito de todos e dever do Estado e da família



Atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei n ⁰ 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – Apresentou avanços em relação à legislação anterior – Garantiram diretrizes e bases educacionais, estabeleceu a responsabilidade de cada ente federado com relação a educação; a gestão democrática; padrões mínimos de qualidade; a elaboração do Plano Nacional de Educação com duração de 10 anos, metas e objetivos da educação nacional pela União em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os municípios = Não atendeu na totalidade a concepção de Educação Pública nem as reivindicações contidas no primeiro projeto de lei apresentado ao Congresso Nacional, elaborado no Marco do Movimento em Defesa da Escola Pública e debatido por educadores em diferentes fóruns.



Emenda Constitucional n ⁰ 59/2009 = Deu obrigatoriedade ao ensino dos quatro aos dezessete anos.


Resultados/Indícios de Qualidade de Ensino


As demandas sociais no direito e acesso à educação têm sido notória em todo o processo educacional. A legislação constitucional, desde 1824 em alguns momentos históricos demonstram dar credibilidade e corresponder consideravelmente aos anseios populacionais nessa questão, porém, os indícios da preocupação com a qualidade de ensino não é tão perceptível em ambas as partes, seja da população ou da legislação. Acredito que na segunda lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), lei nº 5.692/71, ao definir as diretrizes e bases para o ensino como se apresentava organizado na época, essa preocupação aparece sutilmente contrastando com a ampliação espantosa das oportunidades de acesso as massas mais desfavorecidas. A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, no meu entendimento foi e tem sido a Lei que aparentemente mais se importou com a qualidade educacional com tudo que estabeleceu, embora fixe padrões mínimos dessa condição. Minha opinião é de que a universalização do ensino atende a equidade dada pela Constituição Federal vigente e oferece extensão de oportunidades educativas para a maioria populacional, embora se apresente atualmente como dever e não mais como um direito. Também acredito que dessa forma, favorece a má qualidade do ensino, pois existe falta de recursos nesse atendimento à Educação Básica, falta de políticas educacionais que implementem o que está instituído na legislação além de que “obrigatoriedade ao ensino” não condiz exatamente ao desejo e direito de aprender.

Atenuar a Indisciplina

É interessante dizer que não existem receitas para minimizar a indisciplina e tem sido notório que os alunos tendem identificar com quais professores podem ser mais ou menos desafiadores. Gostaria de enfatizar que pela minha observação, a maneira de abordar comportamentos indesejáveis, deveria ser a mesma por todo o corpo docente e demais adultos responsáveis pela educação desses alunos, e não existindo coerência no tratamento dispensado à eles, independente do espaço escolar, o controle da indisciplina cai em um tipo de cansaço exaustivo, sem resultados positivos. No entanto, a conscientização dos professores de que trabalhar igualitariamente enquanto condição para a melhoria da qualidade disciplinar na escola, tem se apresentado mais complicado que propriamente controlar a indisciplina dos alunos. Os professores apresentam opiniões diversas quanto à maneira de se relacionarem e gerirem situações de indisciplina em suas aulas, ou seja, uns tendem a ser lideres e enfrentam esses momentos com tolerância, calma e controle pessoal, já outros professores as enfrentam de maneira autoritária, com mesquinhez, grosseria e sarcasmo, dizendo que “os alunos devem respeitar o professor e ponto final”, além de exigirem punições severas por parte da direção da escola aos alunos que os desafiam.
Portanto, primeiramente o corpo docente deve compreender e aceitar a necessidade da realização de um trabalho sincronizado, utilizando se de uma mesma postura e linguagem, pois sem isso, qualquer atitude tomada isoladamente por um ou outro professor, será inviabilizada. Com a concordância do corpo docente nessa forma de trabalho, minha reflexão a cerca dessa atividade é que poderia ser expresso um acordo colaborativo na sala de aula citada, compartilhando e compreendendo direitos e responsabilidades dos alunos e professores em aspectos relacionados ao horário de início das aulas, formas de cumprimentar os colegas ao adentrarem às salas de aulas, objetos que são arremessados como formas de desrespeito contrastando com os espaços iluminados e muito limpos encontrados nessa instituição, demonstrando o respeito oferecido aos que ali permanecem, além de maneiras cordiais de comunicação e cooperação partindo de todos, inclusive dos professores. Alego que na escola onde sou gestora ainda não consegui realizar nenhuma dessas ações. Tenho encontrado muitas dificuldades em conquistar uma equipe de funcionários e docentes coesa de atitudes, no entanto esse é meu conceito e continuarei buscando o diálogo e a reflexão em torno desse tema.
Retomando a atividade, acredito também que seria viável idealizar um maior esforço e entusiasmo por parte do professor na maneira de ensinar, visto que, tendo uma escola recém renovada, como citado nos trechos do relato, com materiais contemporâneos e uma sala única para o ano letivo, este poderia desenvolver uma gama de enfoques de ensino tornando suas aulas mais interessantes, abordando habilidades e capacidades dos alunos, individualmente ou do grupo, usufruindo se desses recursos.
Por último, acredito que qualquer professor, ao invés de procurar maneiras de controlar os alunos em situações de indisciplina, seria mais construtivo se procurasse encontrar maneiras de como se tornar um líder mais eficiente, ou “o que” poderia fazer para obter um controle mais efetivo na situação de ensino e no contexto da aprendizagem, pois os alunos ouvem e vêem a intenção do professor. Se ficar constatado que essa intenção é meramente a de controlar, embaraçar, envergonhar ou ferir o aluno, o relacionamento entre aluno e professor não será funcional e essa aula deixará de ser aceita, tornar-se-á desinteressante e ocasionará a indisciplina dos alunos. O aluno necessita ver e saber que nós nos importamos com ele. Não quero dizer que o professor deva bajular um aluno difícil, mas que deve ser agradável com ele, não guardando rancores de aulas passadas e sempre começar cada aula disposto a tentar novamente, embora tenha consciência de que não é nada fácil se posicionar dessa maneira, minha conclusão é que tanto o comportamento do aluno quanto o do professor podem transformar um pequeno incidente em uma rixa gigantesca, que alguém precisa mediar isso e com certeza não será o aluno.


“O segredo do sucesso é a capacidade de sobreviver ao fracasso”
(Noel Coward apud Bill Rogers, 2008, p 39)


Referências

ROGERS, Bill. Gestão de relacionamento e comportamento em sala de aula. Porto Alegre. Artmed, 2008

O Projeto Pedagógico e sua Relação entre os Alunos e o Espaço Escolar Na escola em que sou Gestora

A partir do remanejamento escolar que acontece em nossa escola por esta atenter as séries/anos iniciais do ensino fundamental até a 7ª série/ 8º ano, esta clientela não apresenta a característica da “continuidade de estudos do 1ª ano do ensino fundamental até o 3º ano do ensino médio”, que faz com que o vínculo dos alunos com a Escola seja prejudicado, ocasionando, portanto, descompromisso do mesmo com o patrimônio escolar, colegas, funcionários e professores. A depredação acontece e a equipe escolar tenta intermediar os atos de violência através do diálogo e da conscientização. Existe em nosso projeto pedagógico, a teoria de que tentariamos garantir o envolvimento e a participação efetiva da comunidade, no sentido de partilhar as decisões que afetam seu destino. Ao pensarmos nisso, acreditamos que esse procedimento fortaleceria vínculos entre a escola e comunidade, garantindo menor índice de depredação. Nele contemplamos a participação de membros da comunidade nos colegiados escolares, além dos conselhos de escola. Também, os alunos são convidados a participarem dos conselhos de série e classe, sem poder de decisão, através do conselho de representantes de classes. Infelizmente isso está somente no papel. A comunidade “empresta” seus nomes para que constem nos documentos escolares, mas a qualquer convocação para reuniões, alegam mil e um compromissos, trabalho, doenças, filhos menores, obrigações domésticas e não comparecem às mesmas. Os alunos representantes de classe também não se concientizam de seu papel, pouco fazem e acabam sendo apontados pelos colegas como “X 9”; termo que os ofende e que faz parte da “gíria” dos adolescentes nos dias de hoje e que significa o mesmo que “dedo duro”, dos tempos passados. A comunidade basicamente não se preocupa em participar das decisões ou colaborar na intermediação dos conflitos escolares e comparecem em maior escala, apenas nas reuniões bimestrais de pais e mestres, mesmo assim, em alguns casos, ouvimos a citação de um ou outro pai “Vamos logo com isso, que não tenho tempo a perder com esse blá, blá, blá”.
A escola, efetivamente para construir o mínimo de identidade, conta somente com seu esforço próprio no trabalho de conscientização que desenvolve com os alunos em seu interior, contrastando com atos de violência e vandalismo urbano existente em nossa sociedade dos quais nossos alunos interagem fora dela, visto que são expostos pela mídia diariamente, ou até, violências domésticas que vivem ou presenciam em seus lares.
Temos realizado projetos escolares com foco na qualidade de vida, não violência, meio ambiente, reciclagem, civismo, saúde e higiene, poluição, voluntariado e solidariedade que apesar de ajudarem, não promovem relações efetivamente produtivas entre os alunos e o espaço escolar.
Apesar de tudo, faz parte de nossos ideais, ou sonhos, de que a escola seja o centro estratégico de mudanças de comportamentos violentos que o Brasil precisa, mas quando deparamos na distância que separa a realidade de nossa sociedade que influencia a realidade das escolas de hoje e a que almejamos, nos sentimos de mãos e pés atados.

Tempo e Espaço Escolar

O ritmo dos alunos não condiz com a organização tradicional do espaço e do tempo escolar, com carteiras fixadas no chão, uma atrás da outra, preferencialmente sem se mexer e sem qualquer tipo de manifestação verbal. Acabam por desrespeitar esse tipo de condição imposta. Pelos alunos, é desejado situações que favoreçam o relacionamento com os colegas, a flexibilidade de postura, maior autonomia e liberdade. Para tanto, os professores sabem que devem permitir agrupamentos e oferecer aulas mais dinâmicas, oferecer situações voltadas à realidade, envolver o entorno escolar na proximidade dos alunos com a natureza e áreas verdes. No entanto, o envolvimento da maioria dos professores nessas posturas tem sido muito difícil. De um modo geral, o professor entende que esse tipo de aulas gera indisciplina e prefere se manter no modo tradicional. Infelizmente muitos ainda não têm a compreensão de que

“...além, de ensinar a ler, escrever e contar, a sociabilidade exercitada na escola ensinaria também civilidade e visaria à formação do cidadão respeitoso e obediente, conhecedor de seus direitos e, sobretudo, de seus deveres.”

Acabo de ter meu cargo público removido de unidade escolar, da Grande São Paulo para o interior desse mesmo estado, e estou com muitas perspectivas no atual corpo docente que me acolheu. Eles parecerem fazer parte da minoria e daqueles que compreendem a responsabilidade social que devem desenvolver em seus alunos.
Como exemplo, posso relembrar uma situação vivida quando trabalhei como gestora em uma escola, ainda na grande São Paulo e fui levada a solicitar que se extinguissem as salas ambientes em virtude da extensa área construída, que favorecia a depredação do prédio escolar, conflitos entre alunos de turmas distintas, arremessamento de bombas domésticas no professor que aguardava dentro das salas de aulas, entre outras atitudes de rebeldia durante o trânsito de discentes pelos corredores e demais espaços da Unidade Escolar. Com essas ocorrências, perdia-se muito tempo na locomoção dos alunos o que diminuía consideravelmente o período destinado as aulas. As condições espaciais concretas nesse caso não favoreciam a sociabilidade escolar. Essa experiência me levou a desaprovar o emprego das salas ambientes, levando-me a criticar essa forma de trabalho por muito tempo. Esta escola em que estou atualmente possui área construída consideravelmente menor a escola mencionada anteriormente, e a sala ambiente existe aqui há 11 anos. Minha observação atual é que essa iniciativa tem trazido grandes benefícios ao coletivo desta escola. Pode se alegar que a arquitetura escolar aqui favorece o condicionamento comportamental dos alunos, enquanto espaço formativo e possuidor de intencionalidade educativa. Também estes professores não poupam esforços para desmistificar suas rotinas, trabalhando com cartazes, jogos lúdicos, até mesmo utilizam morangos no estudo do DNA, e estes são meros exemplos dessa dedicação. Apesar dessa constatação, a escola vem encontrando resistência dos órgãos superiores por esse tipo de organização não possuir amparo legal. E dessa forma, a garantia dada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, que afirma que a elaboração do projeto pedagógico é um exercício de autonomia pedagógica, tende a ficar prejudicada. Já que o espaço escolar vem proporcionando sociabilidade, civilidade e a formação dos alunos com bons resultados geram-me a curiosidade em saber qual seria o propósito educativo da Diretoria de Ensino com essa retroação?
Para Azanha, (1998, p.03), "a autonomia da escola numa sociedade democrática é, sobretudo, a possibilidade de ter uma compreensão própria das metas da tarefa educativa numa democracia". Entendo que se refere às possibilidades de fazer escolhas visando um bom trabalho educativo.
Então concluo que, se podemos fazer valer que o projeto pedagógico da escola ao ser construído coletivamente, deverá levar em conta as condições de infra-estrutura da instituição e a melhor maneira de seu aproveitamento a fim de beneficiar o ensino e a aprendizagem. Que, além disso, o projeto pedagógico deve orientar a organização da escola de um modo geral e a organização das salas de aulas, buscando promover a organização do trabalho na escola em sua totalidade, incluindo a gestão do tempo e do espaço, as salas ambientes tem sido uma excelente iniciativa no favorecimento à aprendizagem escolar desta escola, mesmo sem amparo legal, contrariando o que dizem os responsáveis pela Diretoria de Ensino e ainda, correndo o risco de termos tudo levado por água abaixo pela falsa autonomia que nos é oferecida.



REFERÊNCIAS

AZANHA, José Mário Pires. Educação: temas polêmicos. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
Texto Base da semana 5 – Tema 4 – O Espaço Escolar - Redefor