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Diretora de Escola Pública Estadual

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Analisando situações reais e cotidianas nas escolas públicas do Estado de São Paulo

Abaixo são relatadas duas situações reais:

(1) Nos primeiros tempos de formação do referido grupo de estudos composto de diretores, coordenadores pedagógicos e supervisores escolares, eram muito freqüentes as interrupções nos trabalhos causadas por toques de celulares, especialmente, das diretoras. Questionados a respeito, as argumentações vinham da seguinte forma:O diretor de escola é um burocrata e está encarregado, de certa forma, a manter estruturas existentes e satisfazer os desejos dos seus superiores hierárquicos, com os quais comumente se identifica. Contudo, em alguns setores da escola, age de forma autônoma, e a maneira como isso se realiza evidencia a maneira de como exerce sua autoridade em cada um dos diferentes domínios em que atua. De acordo com Kurt Lewis, em suas formulações datadas da metade do século XX, o exercício de controle e as relações entre os indivíduos em grupos, se classificam por controle autocrático, controle democrático e controle laissez-faire. Tirando proveito dessas formulações, entende se que um diretor de escola pode exercer controle autrocrático ao exigir obediência, não admitir qualquer tipo de discussão, determinando o caminho a ser seguido e tomando decisões isoladamente, sendo um “sabe tudo” ou “melhor que os outros”. O controle democrático se caracteriza pela ação coletiva, onde o diretor integra as idéias e contribuições dos professores em seu trabalho. Esse tipo de controle implica discussão e acordo nas decisões a serem tomadas pela equipe. Por último, o controle laissez-faire onde o diretor dá “carta branca”, deixando aos professores o cuidado de fazer a escola funcionar. Nesse caso, o controle por parte do diretor é mínimo e dá a todos muita liberdade em suas ações. Seu papel se restringe aos problemas administrativos e à resolução de dificuldades inesperadas.

“- É impressionante! Aquela escola não anda, se eu não estiver lá! Tudo tem que passar por mim! Não sou dona de ter meus tempos para atividades próprias” (resposta dada por uma Diretora)

(2) Em um momento de discussão, o desabafo de uma Diretora:

“- Sabe, eu estou cansada! Talvez seja o caso de eu me remover. Não agüento mais ter que ficar andando, de um lado para o outro, na escola para ver se as pessoas estão cumprindo suas tarefas como professoras. Acho um absurdo, porque, afinal de contas, as pessoas deveriam respeitar o fato de serem funcionários públicos e de terem uma responsabilidade com a comunidade. No entanto, a gente tem que ficar em cima cobrando a todo o momento. Estou exausta disso. Parece que só eu penso assim. A gente fala, fala, fala e as pessoas nem ai ! ”


Considerando se também as idéias de Day (2001), existem três tipos de liderança:

· Liderança normativo instrumental , que se trata da influência exercida pelo diretor de escola sobre os professores, para que estes acatem a visões, metas e expectativas dele próprio;

- Liderança facilitadora, onde as estratégias do diretor se fixam na confiabilidade nos professores e ao apoio oferecido pela direção ao desenvolvimento profissional , na ações inovadoras, no trabalho individualizado e no suporte às iniciativas.

· Liderança emancipadora , que se sustenta por três princípios - participação, equidade e justiça social. Combina princípios de relacionamento humano com respeito individual e coletivo.

Sendo assim, analiso que os relatos das situações reais das diretoras para essa atividade, são exemplos específicos e que ilustram casos de controle autocrático e de liderança normativa instrumental, baseada no entendimento das discussões realizadas neste tema e nas referências adotadas.
Concordo quando se alega que dirigir ou liderar uma instituição escolar não se trata de orquestrar mediante comandos preestabelecidos abstraindo outros fatores importantes para o ensino. Para atuar como líder formal em uma escola é necessário ter claro as limitações de ação de um administrador e a percepção de introduzir pessoas lideres no plano de idéias e realizações no momento da tomada de decisões, no sentido de acatar as colaborações provenientes dos docentes.

“O que se exige da liderança escolar é algo muito forte: a mobilização das pessoas no que tange ao fortalecimento das relações interpessoais e à disposição para efetuar a circulação de saberes e experiências entre os membros da equipe.” (Liderança, Poder e Autoridade, Tema 2, p.27)

Cabe-nos a tarefa, nada fácil de exercer, de estabelecer na escola uma cultura que vise o desenvolvimento profissional e institucional, tendo como direção, a formação de uma comunidade de aprendizagem comprometida com a qualidade do ensino e das condições de trabalho. É preciso liderar sob forma democrática e emancipadora, segundo os autores citados, quebrando o padrão de organização da educação onde os professores não são considerados em seus conhecimentos e idéias, afinal o envolvimento de todos garantirá a divisão de responsabilidades pela escola e a superação da lógica hierarquizada.

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