Com certeza, ensinar os jovens a fazerem bom uso das tecnologias os torna competentes na comunicação coletiva. Infelizmente muitas escolas ainda não têm presente em suas práticas escolares o uso dos novos meios e formas de comunicação dominantes na sociedade e a que sou gestora é uma delas. Giz, lousa, lápis, caneta, papel e outros instrumentos de comunicação podem ser eficientes para algumas tarefas educativas, mas não suficientes para todas as atividades existentes na sociedade atual.
Catarina Iavelberg, especializada em Psicologia da Educação, em reportagem pela Revista Nova Escola, relata que alguns professores ainda negam a existência desses recursos didáticos por desconhecerem suas potencialidades. No entanto, a fim de significar a importância das tecnologias contemporâneas na construção de leituras inovadoras de mundo e ampliação de possibilidades de articulação, construção e circulação de informação, afirma que os limites de nossa linguagem denotam os limites do nosso mundo. Alega ainda que toda escola deve assumir o compromisso ético de proporcionar aos alunos o uso adequado dessas ferramentas visando que alcancem subsídios para se tornarem capazes de filtrar as informações disponíveis, produzir conteúdos e conseguir articulá-los de maneira reflexiva.
Nós gestores não negamos essas evidências, porém nos deparamos com muitas dificuldades na escola pública. Já passei por escolas que recebiam muitas verbas por atenderem ao ensino médio, que segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação- LDB deve ser oferecido com prioridade pelo Estado e nesse caso então, parece que o investimento financeiro se dá de forma mais avantajada. Essas escolas destoam em muitos recursos das demais que atendem o ensino fundamental e um exemplo disso é sua participação ao Acessa Escola, que é um programa do Governo do Estado de São Paulo, desenvolvido pelas Secretarias de Estado da Educação e de Gestão Pública, sob a coordenação da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) desde 2008. O objetivo é o de promover a inclusão digital e social dos alunos, professores e funcionários das escolas da rede pública estadual por meio da internet. As escolas de ensino fundamental são contempladas com tal projeto.
Atualmente trabalho em uma escola que atende o Ciclo I e as séries inicias do Ciclo II, até o 8º ano, e temos encontrado algumas situações de desvantagens pela nossa infra-estrutura. Esta Unidade Escolar é construída no padrão Nakamura, ou "padrão de construção pré-fabricado com estrutura metálica", onde as paredes são feitas de metal. O alunos e funcionários sofrem com o excesso de calor (no verão) ou de frio (no inverno), além do barulho, amplificado devido à ineficiência do isolamento acústico. Talvez, por serem pré-fabricadas, não deve ter sido projetado salas para biblioteca ou sala de leitura, portanto não as temos. A escola possui ampla sala de informática, porém apenas dez computadores destinados ao trabalho pedagógico. Os professores alegam que pelas classes apresentarem uma média de 39 a 40 alunos, se torna inviável a utilização desse recurso, visto que em cada computador atenderiam 4 alunos e sequer possuímos cadeiras suficientes na sala. O uso da televisão já tem sido mais constante, apesar da escola não possuir grande acervo de filme. Mesmo assim, muitas vezes os professores lançam mão das locadoras quando vislumbramos alguma necessidade. Já as idas a cinemas despendem gastos com transporte e ingressos. Os alunos dessa região são extremamente carentes economicamente e caso a escola organize esse tipo de atividade, poderia incorrer em procedimento inadequado, visto que poderia excluir alunos por eles não terem como pagar por esses custos. Infelizmente a escola também não tem condições de assumir financeiramente pelos menos favorecidos nessas saídas da escola com recursos próprios, visto que só arrecadamos através de festas promovidas pela Associação de Pais e Mestres, que todos devem ter o conhecimento de que os mestres se fazem presentes prestando serviços em dias que são letivos, além de um ou dois pais da comunidade que são mais participativos. Conquistamos pouquíssimas doações pela comunidade.
Portanto minhas ações enquanto gestora, para promover o uso dos meios de comunicação, caminham de maneira modesta, porém meus objetivos são conquistá-los. Venho tentando encontrar maneiras de superação e no ano de 2010 tentei conseguir ampliar o número dos computadores da Unidade Escolar através do Programa Nacional de Tecnologia Educacional (Proinfo), que é um projeto do Ministério da Educação – MEC, levando às escolas, computadores, recursos digitais e conteúdos educacionais. Em contrapartida, estados, Distrito Federal e municípios devem garantir a estrutura adequada para receber os laboratórios e capacitar os educadores para uso das máquinas e tecnologias. Mais uma vez, por nossa infra-estrutura no padrão Nakamura, não pudemos aderir ao projeto, pois não foi considerado adequado. Fiz outro caminho e consegui aderir ao Plano de Desenvolvimento da Escola - PDE-Escola, também do MEC. Desta vez, trata-se de uma ferramenta gerencial que auxilia a escola a realizar melhor o seu trabalho assegurando que sua equipe trabalhe para atingir objetivos comuns. Estamos aguardando desde o dia seis de janeiro, a liberação de uma verba para execução dos projetos almejados por nossa equipe docente. Nossos objetivos iniciais foram de melhorar o desempenho dos alunos nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática e idealizamos alguns projetos específicos para cada uma delas. Dentre eles, um será de adequar uma sala, transformando-a em sala de estudos e pesquisa, (quase uma biblioteca), além de adquirir alguns livros. A assinatura de um periódico também será efetuada. Vamos equipar essa sala com um recurso multimídia do tipo impressora multifuncional, toner e sulfite, pois idealizamos a produção de textos jornalísticos para montarmos uma revista na escola.
Sei que isso é muito pouco, e que ainda aguardamos a liberação da verba pelo Ministério da Educação, mas o importante é não se deixar esmorecer e continuar buscando meios de conseguir contornar os inúmeros obstáculos encontrados pelo caminho. Quanto à sala de informática que tem sido o nosso maior desafio, depende de uma reforma geral no prédio escolar. Existe uma promessa da Diretoria de Ensino que isso se dará em breve. Por enquanto, temos tentado manter a nossa com boa manutenção, embora não esteja sendo utilizada da maneira mais apropriada.
Dessa forma, creio que cada gestor tem seu método para promover o uso das comunicações e das tecnologias necessárias com vistas a promover a melhoria do clima relacional da escola e da produção comunicativa dos alunos e isso depende muito da realidade que cada um enfrenta.
Bibliografia
Chamlian, Helena C. Redefor Curso de Gestão da Escola para Diretores- módulo II – Tema 4 - Questões Cruciais para o Ensino Tópico 3 p 66 http://redefor.usp.br/cursos/file.php/53/Texto_Base_Gestao_do_Ensino/Versao_correta/GED_Ges_impresso_t4.pdf Acesso em: 28/02/2011
IAVELBERG, Catarina Novas Linguagens Nova escola Gestão Escolar – Ano II, n ⁰ 11 – dez 2010/jan 2011 p 13
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