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Diretora de Escola Pública Estadual

sexta-feira, 4 de março de 2011

Distinção que Dewey fez entre a antiga e a Nova Educação

Quando li sobre as idéias de Dewey, me deparei com idéias tão atuais apesar de datarem de 1959.  Admirou-me muito saber que no século passado alguém tinha a visão de que não era adequado oferecer formação as criança de acordo com regras ou modelos prévios. Se preocupava no entanto em dar condições para que ela própria resolvesse seus problemas, ao invés de dar lhes exemplos de como fazer isto ou aquilo. Outro fator que me chamou atenção foi que o autor contrariava a educação tradicional que valorizava a obediência e que vigorava na época. Trouxe a tona a educação através do estímulo, da iniciativa e independência, visando a autonomia enquanto bens de uma sociedade democrática.
Todos esses assuntos são pertinentes àquilo que acredito seja o alvo de uma educação de qualidade, ainda mais quando explana que o conhecimento é uma atividade conduzida e que não tem um fim em si mesma, mas está interligada com a experiência. Que as idéias são suposições de ações e são verdadeiras quando orientam essas ações. Sua conclusão é de que a escola não pode só preparar para vida, mas fazer parte dela de tal forma que vida, experiência e aprendizagem caminhem unidas. É extremamente importante que se descubra o interesse da criança, pois para ele e eu concordo, o esforço e a disciplina são resultados do interesse, e, somente com base nesses interesses, a experiência contrairia o real valor educativo. Cita como de grande valor, às atividades manuais, por se apresentarem como situação problema concreta a ser resolvida.
No entanto, nesse momento olho para a escola de hoje e em mim enquanto gestora de uma escola pública. Ao mesmo tempo olho para o passado e me vejo na sala de aulas ainda como aluna, pouco depois que Dewey libertou suas idéias. Naquele tempo, se tivesse tido uma educação com essas características não teria me esquecido de tantas coisas aprendidas como ocorreu. Aprender pela experiência, através do impulso da ação e sob a função do interesse teria sido muito mais agradável do realmente já era para mim, que já adorava estudar nas circunstâncias da época e que já ia para escola com o intuito de aprender. Muito pequena dizia que queria ser professora como minha mãe era. Caprichava na letra, não aceitava tirar notas baixas, gostava das aulas de matemática, principalmente quando a professora me deixava usar o ábaco, só para que pudesse contar nas bolinhas coloridas. A meu ver, naquele tempo saber quais eram os interesses dos alunos parecia ser uma coisa mais atingível que nos dias atuais, pois uma criança ainda se divertia, ironicamente, em contar nas bolinhas de um ábaco.
Mas e hoje? Não sei como se valer dos impulsos individuais dos alunos se não conseguimos encontrar qual é o método pedagógico que desperte o interesse deles mediante as tecnologias. Parece que a grande maioria não tem mais perspectivas de futuro. Noutro dia questionei a um aluno com o que ele gostaria de trabalhar quando se tornasse adulto e a resposta foi rápida. Um “não sei” por parte dele, fez com que a minha tese de que iria convencê-lo a estudar mais para atingir seus objetivos fossem por água abaixo. A escola não tem oferecido atrativos que desperte no aluno nenhum interesse pela aula como um meio de aprendizado.
O aluno tem acesso a muitas informações recebidas pela televisão e internet, e a escola só tem sido uma atividade obrigatória, ou seja, seus pais o obrigam a freqüentá-la e então, ele está ali e parece ser só isso.
“Hoje tem acesso à escola um público que, muitas vezes, nem é consciente do que se pode esperar dela, não obstante a escola esteja a serviço dele para promover sua qualificação para o trabalho, para propiciar a continuidade de seus estudos, sua participação social e política e sua realização pessoal com cidadania plena.” (Luiz Carlos de Menezes, 2001, p.201 apud Helena C.Chamlian – REDEFOR, 2011, p.20)
Podemos falar ainda daqueles que demonstram interesse em estar na escola, em uma sala de aulas super lotada, que assistem ao professor driblando a situação, pedindo que os demais alunos o ouçam, que parem de andar pela sala, que saiam da janela, que lhe dêem atenção, que não gritem, que não briguem e isso leva aproximadamente 40 minutos, para que talvez os minutos restantes para a finalização da aula, o professor possa dar atenção aos interesses desses poucos que acreditam que essa ainda é a única maneira de conquistar a igualdade social. Mesmo não sabendo ainda qual é o método que fará com que os alunos se interessem pelas atividades escolares, ou quais políticas educacionais devam nos atingir e vivenciando esses problemas na educação, não se tem como negar que sem interesse e esforço, não haverá sucesso na função educativa da escola.

“Aos educadores cabe uma dupla responsabilidade: pelas crianças e pelo mundo.” (Helena C.Chamlian – REDEFOR, 2011, p.10)

Essa frase parece ser um tanto ampla em significado, até mesmo pela explicação que a acompanha no texto em que a retirei, e que não cabe aqui esmiuçar. Apesar de ser um fato de que alguma coisa precisa ser feita, gostaria de poder repartir essa dupla responsabilidade com a família, com o governo e com a sociedade, pois tenho certeza que não daremos conta de carregá-las sozinhos.

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