Comentarei sobre Disciplinas Escolares da 5ª série do ensino fundamental constantes da grade curricular:
Língua Portuguesa; Leitura e produção de texto (LPT), Arte, Educação Física, Inglês, História, Geografia, Ciências e Matemática.
Analisando o currículo básico do Estado de São Paulo, que consta de quatro documentos intitulados como “Linguagens e Códigos e suas tecnologias”; “Ciências Humanas e suas tecnologias”; “Ciências da Natureza e suas tecnologias” e “Matemática e suas tecnologias”, podemos nos apropriar dos fundamentos pedagógicos de cada uma das disciplinas e nos informar que existem articulações entre elas. Por exemplo, no documento Linguagens, Códigos e suas tecnologias: Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Arte e Educação Física, tiveram como justificativa essa ordenação de conteúdos, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais- PCNs (2006), por que a linguagem é a capacidade humana de articular significados coletivos em sistemas arbitrários de representação, que são compartilhados e que variam de acordo com as necessidades e experiências da vida em sociedade. A razão fundamental de qualquer ato de linguagem é a produção de sentido. Mais do que objetos do conhecimento, as linguagens são meios para o conhecimento. Na medida em que o homem se torna mais competente em diferentes linguagens, se torna mais capacitado para se autoconhecer, assim como sua cultura e o mundo em que vive. Os PCNs sugerem que os projetos curriculares se preocupem em variar as formas artísticas propostas ao longo da escolaridade na disciplina de Artes (artes visuais, dança, música ou teatro). Educação Física deve tratar pedagogicamente conteúdos culturais relacionados ao movimentar-se humano, partindo do variado repertório de conhecimentos que o aluno já possui em suas afinidades culturais de movimento (hip hop, capoeira, artes marciais, skate, etc), buscar ampliá-los, aprofundá-los e criticá-los.
Uma língua estrangeira na grade disciplinar, no caso inglês, contribui para uma formação mais ampla do indivíduo, visto que possibilita contato do educando com outros modos de sentir, viver e expressar-se. Assim, visa contribuir para a construção da competência discursiva em diferentes grupos sociais do qual o aluno pode vir a se tornar membro.
Outra grande área do Currículo do Estado de São Paulo é de Ciências Humanas e suas tecnologias. Nesse caso, falaremos de História e Geografia [1] , onde alguns fundamentos pedagógicos aparecem articulados devido à intensa relação entre as disciplinas, por se constituírem no tempo e no espaço. Muitas vezes, o meio geográfico explica determinados fatos históricos ou fatos históricos explicam modificações no meio geográfico. O ensino das ciências humanas deve desenvolver a compreensão do significado de identidade, da sociedade e da cultura, de modo significativo, os estudos necessários ao exercício da cidadania. O ensino de História deve funcionar como instrumento capaz de levar o aluno a perceber-se como parte de um amplo meio e compreender suas determinações sociais, temporais e espaciais. Em Geografia, o objeto central do ensino reside no estudo do espaço geográfico, abrangendo o conjunto de relações que se estabelecem entre os objetos naturais e os construídos pela atividade humana, priorizando o estudo do território, da paisagem e o lugar em suas diferentes escalas e identificando a interação da humanidade com o meio em que vive.
Focando o terceiro grupo, Ciências da Natureza e suas tecnologias [2] , desta vez, o ensino de ciências. Sabe se quão importante a linguagem cientifica é em nossa vida, até mesmo no simples acompanhar matérias em jornais diários, especificações em equipamentos domésticos e descrições em embalagens de alimentos. Estão presentes em muitas formas de cultura e na vida em sociedade na investigação de materiais, das substâncias, da vida e do cosmos. Na 5ª série, as ciências são integradas na mesma disciplina escolar e a ênfase está colocada na realidade mais imediata do aluno, com suas vivências e percepções pessoais para início da alfabetização científico-tecnológica. E por fim, em Matemática e suas tecnologias, onde a disciplina se apresenta como um dos componentes básicos do currículo da 5ª série, ao lado da língua materna. Talvez fizesse mais sentido tê-la incluído na área de Linguagens e Códigos por compor um par de sistemas simbólicos fundamentais para a reprodução da realidade, para a expressão de si, e compreensão do outro, para a leitura em sentido amplo, tanto de textos quanto do mundo dos fenômenos. Igualmente faria sentido incluí-la na área de Ciências da Natureza pelas competências em traduzir matematicamente fenômenos de múltipla natureza como fez Newton, ou Descartes e Galileu desde a origem das ciências. Dessa forma, diante da partilha de idéias fundamentais entre tais áreas, pode se afirmar que os fundamentos pedagógicos da matemática podem ser notados em muitas situações.
A questão tem sido como uma mesma idéia, um mesmo sentimento, uma mesma informação são tratados por essas diferentes linguagens na escola e por diferentes interlocutores já toda essa articulação pudesse ser observada entre os protagonistas da educação com maior facilidade. Esse é aspecto de suma importância, no sentido de que os componentes curriculares não deveriam se desenvolver estanques ao longo do processo pedagógico. No entanto, minha experiência trabalhando com educação me permite perceber o quão comum é ver o professor de cada disciplina trabalhando solitário, sem maiores interesses, no que implica em uma educação desorganizada que divide os conteúdos disciplinares como se não existissem fundamentos pedagógicos relacionados entre si. Acabamos por ter na escola, uma matemática onde a soma das partes, não resulta em um todo.
Além dessa problemática, deparamos com a transposição didática dos conteúdos, pela vulgarização dos conhecimentos ao apresentá-los aos alunos, acreditando-se que se fossem ministrados em sua integridade, estes não poderiam ser entendidos por seus receptores.
Erroneamente, o que se presencia na escola com relação às disciplinas é a falta de:
· Interdisciplinaridade;
· De um trabalho de construção da própria disciplina escolar;
· Entendimento mais aprofundado de sua função na educação básica;
· A objetivação de métodos mais adequados, menos expositivos e baterias de exercícios.
· Formação continuada ou capacitação do professor.
A Interdisciplinaridade ainda causa angustia entre os integrantes do magistério por falta de percepção ou identificação de articulação entre as disciplinas. O uso de metodologias diferenciadas ou seleção de conteúdos demonstram a falta de capacitação docente nesse gerenciamento.
Um exemplo concreto disso é que na escola onde sou gestora, apresentamos como proposta quatro projetos, norteados pelos “Temas Transversais”, por serem de fácil articulação e por atacarem problemas encontrados na dificuldade do convívio escolar e de qualidade de vida. Até agora finalizamos três deles, o resultado foi ótimo e a interação foi muito boa, mas as dificuldades foram muitas. Por ocasião da elaboração dos projetos, os professores sugeriram o uso de filme ou textos, mas não sabiam identificar títulos, ou quais seriam o mais adequado para determinado tema e alegavam não ter tempo para pesquisá-los. No primeiro projeto, sob o título da “Não Violência”, tudo foi definido pela Direção/Coordenação, embora soubesse que essa forma de organização e construção não era a mais apropriada. Os professores elogiaram a forma do preparo e de como tudo se deu, alegaram nunca ter participado de um projeto com cronograma para o desenvolvimento variado das atividades e tão bem constituído. Pareceram satisfeitos e notaram o desejo de participação das atividades propostas pelos alunos. O projeto do segundo bimestre, “Higiene e hábitos saudáveis”, teve modesta participação por parte dos docentes, que caminhavam ainda inseguros, mas no terceiro bimestre, sobre “Meio Ambiente”, a participação deles foi considerável e praticamente não houve intervenções por parte da equipe gestora.
Ficou claro que a falta de capacitação é um dos obstáculos que atravanca o caminho de muitos que não fazem, por não saberem como, além de muita coisa que ainda existe entre a teoria e prática nas escolas.
Minha conclusão sobre tudo isso é de que na realidade as disciplinas, embora não devessem ser ainda são proferidas como transposição de conteúdos de uma ciência. Dão-se isoladas, sem interações e isso tem prejudicado o caminhar escolar já que o aluno acaba por perceber que o conhecimento recebido na escola não forma um todo em seu conjunto. No entanto, é sabido e começa a ficar cada vez mais urgente que essas aproximações entre as disciplinas de uma mesma série aconteçam. Só assim facilitariam simultaneamente, o ensino, o estudo e a aprendizagem.
Bibliografia
Proposta Curricular do Estado de São Paulo;
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[1] Essa área do currículo citado no texto, envolve Sociologia, Filosofia, além História e Geografia.
[2] Essa área do currículo citado no texto,envolve Biologia, Física e Química além de Ciências.
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