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Diretora de Escola Pública Estadual

sexta-feira, 4 de março de 2011

Perfil sócio-econômico e cultural dos alunos da minha Escola e atitudes preconceituosas no ambiente escolar

Nossa clientela é oriunda de classe média baixa e localiza – se em um bairro periférico, Cidade de Guarulhos. Na sua maioria de baixa renda salarial e desempregada, com uma renda aproximada entre um a dois salários mínimos.
Essa situação é proporcional à falta de informação e cultura existente na comunidade da escola que atuo como gestora. Somente a escola oferece possibilidades de acesso ao conhecimento formal e de contato com a diversidade cultural e social ao aluno, pois aparentemente para muitos dos pais dessa classe social, cultura é algo desnecessário para seu meio, visto que não vêem sua funcionalidade. Isso influencia o nível de rendimento dos alunos, enfatizados pelo desinteresse e falta de comprometimento familiar pela vida escolar dos filhos. No entanto, o acesso à escola e a não repetência são garantidos pela obrigatoriedade do ensino, pelo bolsa-família e pela progressão continuada. Isso ainda não corresponde ao almejado ensino-aprendizagem, de acordo com dados estatísticos das avaliações externas e internas realizadas na escola no ano de 2008 e 2009. O analfabetismo ainda é verificado em alguns alunos apesar dos esforços para seu combate.
Como esta escola possui ciclo I e ciclo II com os alunos remanejados para outra Unidade de Ensino ao final do 7º ano, e talvez ainda pela faixa etária, não apresentamos evasão em número significativo.
Com o contexto social, econômico e cultural apresentado, muitas situações de violência verbal e física são desencadeadas na escola pela falta de trato com o outro. Xingamentos são comuns e são até incorporados em seu vocabulário como algo natural, como por exemplo, uma situação reincidente de preconceito racial, que é um aluno chamar um colega negro de “macaco”. Desrespeito, agressões físicas, preconceito ou assédio moral, tem feito parte do cotidiano dos discentes, sendo muitas vezes avalizados pelos pais, que tem o mesmo comportamento em sua rotina.
Hoje em dia esse comportamento, mais conhecido como bullying, se estabelece pela repetição de atos e pelo desequilíbrio de poder entre agressor e vítima, que podem ser de forma física ou psicológica. No caso citado acima, onde o aluno apresenta ação preconceituosa e chama o colega negro de “macaco”, o aluno agredido geralmente reage chorando e sente-se fracassado. A baixa auto-estima é amplamente difundida nessas situações e a escola tem atentado para isso, visto que tem sido local majoritário nessas agressões.
Diante disso, a escola desenvolveu um projeto unindo prazer/comportamento/atitude/consciência. Foi aproveitando o ano da Copa na África, que elaboramos um trabalho aliando esporte à cultura. Com o esporte foram trabalhados temas como respeito ao próximo, auto-estima, solidariedade e união. Concomitantemente, a história do negro na África e no Brasil, a diversidade cultural, social e econômica. Situações-problema foram expostas para que os alunos entendessem o quão cruel é o preconceito, também filmes tratando sobre o tema forma exibidos. Realizaram-se debates sobre o assunto para maior conscientização. Esse trabalho que começou como um projeto, agora está intrinsecamente ligado as aulas ou situações em que se faz necessário.
Atualmente estamos contando com um professor mediador de conflitos na rede estadual, que é um educador dedicado à promoção da proteção escolar e que soma esforços à equipe gestora e a toda equipe docente no que diz respeito a questões que se manifestam no ambiente escolar e produzem reflexos na convivência que se estabelece dentro da escola, contemplando as relações interpessoais de todas as pessoas que a freqüentam: alunos, professores, funcionários e pais. Juntamente com esse profissional, orientamos os alunos para que se estiverem sendo agredidos de alguma forma, devem procurar manter a calma e parecer o mais confiante possível; que diga ao agressor que pare com as agressões, olhando-o nos olhos; que tentem escapar da situação o quanto antes e que contem a um adulto da escola, o que aconteceu.
Embora os conflitos escolares geralmente se manifestem no cotidiano escolar de maneira imprevisível, procuramos atuar de maneira pró-ativa em relação a eles através do planejamento de ações interventivas.
Estamos caminhando e percebemos alguma melhora no comportamento dos alunos no que se refere ao respeito para com o seu colega. E a cada nova situação, novos temas são tratados sempre com o intuito de diminuir o preconceito e valorizar o próximo.

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