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sexta-feira, 4 de março de 2011

As teorias curriculares! Em qual delas se encaixa a proposta da SEE?

Teoria Tradicional do Currículo

A teoria tradicional procura ser neutra, tendo como principal foco identificar os objetivos da educação escolarizada, formar o trabalhador especializado ou proporcionar uma educação geral, acadêmica, à população.
Enfatiza os conceitos pedagógicos de ensino e aprendizagem, supõe a neutralidade do processo. Envolve aspectos referentes à avaliação, metodologia, didática, planejamento, objetivos.
A questão principal das teorias tradicionais pode ser assim resumida:
· Conteúdos,
· Objetivos;
· Ensino destes conteúdos de forma eficaz para ter a eficiência nos resultados.

Teoria Crítica do Currículo

Teorizações questionando o pensamento e a estrutura educacional sobre as desigualdades e injustiças provocadas pela presença das teorias tradicionais no sistema de ensino, em específico, aqui, as concepções sobre o currículo. As teorias críticas preocuparam-se em desenvolver conceitos que permitissem compreender, com base em uma análise marxista, o que o currículo faz , já que as ditas tradicionais não questionam o conhecimento, apenas valorizam o mecanismo de eficácia de como esse conhecimento se reproduz. A partir de então, iniciam-se discussões sobre a relação entre a escola e a economia, permitindo uma reflexão em questões como "por que ensinar?", ou "ensinar para quê?". No desenvolvimento desses conceitos, existiu uma ligação entre educação e ideologia cujas premissas negam a neutralidade . Além disso, vários pensadores elaboraram teorias que foram identificadas como críticas e, embora tivessem uma linha seme lhante de pensamento, apresentavam suas individualidades.
Silva (2004) chama a atenção para o fato de que as teorias críticas do currículo deslocam a ênfase dos conceitos pedagógicos do processo ensino-aprendizagem para conceitos mais ideológicos, possibilitando ver a educação sob uma nova perspectiva.
Defendem Moreira e Silva (2001, p. 27) que:
Na concepção crítica, não existe uma cultura da sociedade, unitária, homogênea e universalmente aceita e praticada e, por isso, digna de ser transmitida às futuras gerações através do currículo. Em vez disso, a cultura é vista menos como uma coisa e mais como um campo e terreno de luta.
Nessa visão, a cultura é o terreno em que se enfrentam diferentes e conflitantes concepções de vida social, é aquilo pelo qual se luta e não aquilo que recebemos.
Termos que expressam a teoria crítica
· A ideologia,
· Reprodução cultural e social,
· Poder,
· Classe social,
· Capitalismo,
· Relações sociais de produção,
· Emancipação e libertação,
· Currículo oculto e resistência.

Teoria Pós-Crítica do Currículo

O multiculturalismo aparece como movimento contra o currículo tradicional que privilegiava a cultura branca, masculina, européia e heterossexual, ou seja, a cultura do grupo social dominante. A partir desta análise, houve a proposição de que fossem incluídos no currículo, aspectos de formas mais representativas das diversas culturas dominadas. Assim surgiram duas perspectivas: a liberal ou humanista e a mais crítica.
A linha liberal defende idéias de tolerância, respeito e convivência harmoniosa entre as culturas, e a visão crítica pontua que, dessa forma, permaneceriam ilesas as relações de poder, em que a cultura dominante faria o papel de permitir que outras formas culturais tivessem seu “espaço”. De acordo com Silva (2003, p. 90),

“O multiculturalismo mostra que o gradiente da desigualdade em matéria de educação e currículo é função de outras dinâmicas, como as de gênero, raça e sexualidade, por exemplo, que não podem ser reduzidas à dinâmica de classe”.

As relações de gênero são uma das questões muito presentes nas teorias pós-críticas, que questionam, não apenas as desigualdades de classes sociais. Neste caso, o feminismo aparece para questionar o predomínio de uma cultura extremamente patriarcal, na qual existe uma grande desigualdade entre homens e mulheres. Inicialmente, a principal questão dizia respeito ao acesso, ou seja, o acesso à educação era desigual para homens e mulheres e, dentro do currículo, havia distinções de disciplinas masculinas e femininas. Assim, certas carreiras eram exclusivamente masculinas sem que as mulheres tivessem oportunidade.
Teorias pós-críticas direcionam suas bases para:
· Conhecimento,
· Identidade,
· Poder.
Temas que abordam
· Gênero,
· Raça,
· Etnia,
· Sexualidade,
· Subjetividade,
· Multiculturalismo,
· Outros.

"Um determinado significado é o que é não porque ele corresponde a um "objeto" que exista fora do campo da significação, mas porque ele foi socialmente assim definido” (Silva, 2004, p. 123).

Comentário:

Enquanto as teorias tradicionais se consideram neutras, científicas e desinteressadas, pois lhes basta responder o quê ensinar, as teorias críticas e pós-críticas, argumentam que não há neutralidade na teoria, já que está categoricamente implicada em relações de poder: interessa saber o quê ensinar, mas, sobretudo o porquê e para quê ensinar esse conhecimento e não aquele.

Bibliografia:

Em qual das teorias de Currículo se enquadra a proposta da SEE?

Pode se perceber algumas influências das teorias críticas e não-críticas em alguns contextos na Proposta da SEE. O que não deve ser uma coincidência, visto que a Secretaria do Estado da Educação divulgou que fez um amplo levantamento do acervo documental e técnico pedagógico existente na busca de histórias de sucesso antes do início da produção e divulgação dos subsídios que agora incidem nas escolas. Na história das teorias críticas e não-críticas de currículo se pontuam fatores de conquista para uma sociedade mais justa e inclusiva através de idéias de tolerância, respeito e convivência harmoniosa entre as culturas, além de gênero, raça e sexualidade . Também se preocupou com as formas de apresentação dos conteúdos, como eles se davam, porque e para que existia a necessidade deste ou daquele conhecimento ser apresentado ao aluno. Semelhantemente, a atual proposta atenta para as diferenças culturais, sociais e econômicas, além de repelir atitudes preconceituosas contra sexualidade, etnia, raça, credo, etc, também previstas nos PCNs. O que a difere de todas as teorias é o foco em um currículo universalizado que prioriza capacidades de leitura e escrita e define a escola como espaço de cultura e de articulação de competências e conteúdos disciplinares , na preparação do indivíduo para uma sociedade que se caracteriza cada vez mais pelo uso intensivo do conhecimento , seja para trabalhar, conviver e exercer a cidadania . Acredita que a forma de inserção das camadas mais pobres da população no mundo contemporâneo de modo produtivo e solidário, se dará pelo conhecimento adquirido na escola e que, portanto é necessário que seja transmitido com qualidade. A idéia é tornar a experiência escolar em um meio para aprender a ser livre, e ao mesmo tempo, respeitar as diferenças e regras de convivência. Apresenta preocupação com a velocidade em que a informação é disseminada nos dias atuais e tem consciência de que a escola não é a única fonte detentora do conhecimento como outrora, visando a preparação do aluno para viver e conviver, em qualquer situação socioeconômica, em um mundo onde a tecnologia está cada dia mais presente ( computador, celular, tarjas magnéticas, código de barras etc.). Enfim, a proposta curricular da SEE, atual Currículo do Estado de São Paulo, na minha opinião não se enquadra perfeitamente em uma ou outra teoria, apesar de apresentar algumas afinidades, tem características e idéias próprias.

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