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Diretora de Escola Pública Estadual

sexta-feira, 4 de março de 2011

Falta de consenso entre os profissionais da Escola

Trabalhei com um grupo tradicional em 2007/2008 e existiam resistências na implantação de qualquer mudança. Uma delas foi quando surgiu a Proposta Curricular do Estado de São Paulo. Na época houve a divulgação pela SEE de que professores haviam sido consultados na sua elaboração, mas apesar disso muitos a receberam com certa surpresa. De qualquer forma, nesse momento de transição, seja por determinação ou não, e sem a intenção de criticar o trabalho produzido da Secretaria da Educação, o momento foi de muita oposição pelos profissionais da escola em que me encontrava enquanto gestora. Foi muito difícil preparar uma reunião com os professores e incentivá-los na aceitação das mudanças propostas, além de que para mim o documento também era novidade. Precisei analisar e estudar o material recém chegado às escolas no preparo de uma explanação sobre o assunto. Não se pode apresentar algo a alguém do qual não se tenha conhecimento. Senti-me segura para abordar o tema, mas ainda assim, pude perceber o semblante da maioria dos meus receptores, descrentes e desmotivados. Ou seja, conhecer a essência do documento foi importante, mas não foi suficiente para contagiá-los e convencê-los de que poderia ser uma boa proposta na melhoria de nosso trabalho e do ensino. A nova implantação curricular acabou por não ser compreendida e aceita. O material recebido voltado às disciplinas empoeirou nas prateleiras das estantes sem nenhuma consulta e o “caderno do aluno”, foi utilizado como uma espécie de “cartilha” nas salas de aulas sem prestar às finalidades interdisciplinares que se propunham. Ao decorrer do primeiro ano, a prática dessa proposta, foi desenvolvida sem interesse e compromisso docente. Não houve consenso comum no estudo desse material e apropriação dele, pois sem o protagonismo dos professores, qualquer mudança educacional se descaracteriza. Não posso atrelar o que ocorreu apenas a minha competência, pois hoje tenho a percepção de que se uma proposta não for construída coletivamente, esta não cria devida conexão.
Hoje, em outra unidade de ensino e com uma equipe mais aberta a discussões, estabelecemos coletivamente todo o desenvolvimento do ano letivo logo ao início dele. Efetivamos e estabelecemos nosso esquema de trabalho para cada objetivo, após escutar a todos os envolvidos, o que significa por vias indiretas, na definição de responsabilidades individuais. Com o envolvimento de todos profissionais, a motivação torna se espontânea. No entanto, a função mais difícil do gestor é integrar aqueles que tentam se afastar, sem deixar de apoiar os que se sentem motivados. O primeiro impulso é o de desconsiderar a opinião daqueles que não participam, mas isso precisa ser evitado. É importante tentar absorver a motivação de uns para envolver os outros. Isso realmente não é nada fácil em vista do acúmulo de atividades que enfrentamos diariamente (problemas com equipamentos, obrigações para com os órgãos hierárquicos superiores, solicitações de professores, pais e alunos, papéis a serem preenchidos, etc), mas não existe outra forma de conquistar a articulação de todos os profissionais na aceitação de novas medidas se não for pelo trabalho em equipe, envolvendo parcerias entre todos e almejando o alcance de uma meta comum.
Parafraseando Drummond, de olho nos nossos companheiros que apesar de taciturnos, nutrem grandes esperanças, conversamos sobre o nosso dia, trocamos idéias, dividimos responsabilidades e somos solidários na superação de obstáculos.






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