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Diretora de Escola Pública Estadual

sexta-feira, 4 de março de 2011

Combatendo o preconceito, usando a metodologia formulada por Perrenoud.

"Como fazer justiça, sem interferir nas regras do jogo social?" (Philippe Perrenoud)

Hoje deparamos com a urgência em tentar minimizar as diferenças socialmente construídas sem ignorar as diversas identidades sócio-culturais que se estabelecem, muitas vezes de forma conflituosa, no ambiente escolar.
Também o encontro de diversas culturas traz consigo muitas vezes conflitos, discriminação, dominação e exclusão. Então, se faz necessário a consciência para os perigos que um currículo pode trazer se permanecer indiferente a desigualdade sócio econômica e cultural da origem familiar que os alunos carregam no seu dia-a-dia para a escola. Um currículo fechado tende a enfatizar a cultura das classes dominantes, o que pode trazer maiores desigualdades dentro da realidade de nossos alunos.
No entanto, conflitos são parte da vida, sejam simples ou graves, podem acrescentar na revisão de valores e posições. Sem eles não haveriam mudanças, nem aprendizagens. Portanto é importante compreender sua origem e natureza e saber lidar com eles. Segundo Perrenoud, é pressuposto que sejam realizadas algumas ações na luta pela igualdade:
1) Identificação Pontual dos Conflitos e Contradições
Na escola onde sou gestora, que se situa em um bairro periférico da cidade de Guarulhos, não se verifica alta diversidade sócio-econômica e cultural entre seus moradores. A maioria pertence à mesma classe social e é migrante da região nordeste do país.
2) Análise dos Conflitos e Contradições
Previamente, se realizou análise dos resultados obtidos por uma pesquisa do ano de 2008, pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Aplicada) que informa que os piores percentuais de analfabetismo estão no Nordeste num total de 20%, onde os negros são os mais afetados pelas dificuldades registrando 14,1% entre os analfabetos, enquanto os brancos ocupam 6,1%. Esse fator acaba por influenciar resultados de ensino aprendizagem de nossos alunos, pois, o analfabetismo ronda muitas das famílias de nosso alunado. É costumeiro presenciar os pais assinarem a matrícula de seus filhos carimbando suas digitais.
Por aqui, em média, 40% dos alunos se destacam com resultados julgados satisfatórios pelos critérios escolares. Aparentemente, poucas famílias valorizam a escola como deveriam, ou o fator sócio econômico em que vivem transmite erroneamente essa impressão, pelo fato das condições exaustivas de trabalho a que são submetidas essas pessoas, retirando lhes o tempo que poderiam dedicar para comunicar-se com os filhos e educá-lo em parceria com as escolas. Uma das hipóteses é a que essa característica seja espelho da cultura trazida de suas cidades natais, em virtude da pobreza extrema que afeta milhões de famílias brasileiras, principalmente na região Nordeste do país. A conscientização da comunidade de que a escola é o único meio de diminuir a desigualdade social tem sido batalha árdua e falta muito para ser vencida.
3) Possíveis ações de Combate e de Superação das Diferenças e Desigualdades Construídas
Uma maneira de combater e superar as diferenças e desigualdades socialmente construídas é adquirir para o ambiente escolar uma competência caracterizada por uma cultura juvenil própria, através da apreciação de bens culturais tais como arte, comida, música, desporto ou outros bens culturais e sociais.
Mesmo quando uma dessas manifestações inclui apologia à violência, como é o caso de algumas letras de Funk, pode ser traduzido em reflexão com os alunos, se isso é o que ele próprio deseja para si. Isso vem sendo realizado nessa comunidade através do trabalho docente, associado ao trabalho desenvolvido pelo programa Escola da Família, que busca organizar e dirigir situações de aprendizagem procurando envolver variedade de métodos; buscando conceber ambiente físico e emocionalmente seguro, onde relações entre estudantes e adultos tendam a ser respeitosas e positivas.

Bibliografia

Folha Online - http://www1.folha.uol.com.br/folha
Conflitos na Escola: modos de transformar: dicas para refletir e exemplos de como lidar / Claudia Ceccon...[et al.] – São Paulo: CECIP: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2009

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