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domingo, 8 de maio de 2011

“Colegialidade Docente”: a panacéia para os males da educação?


O viver coletivo vem sendo amplamente difundido há séculos, haja vista que um dos livros mais antigos do mundo, a Bíblia, nos dá indícios de que essa forma de convívio é a mais promissora em vários momentos,
“Onde estiverem dois ou três reunidos...” Mat.18:20.
“Onde não há conselho fracassam os projetos, mas com muitos conselheiros há bom êxito.” Prov. 15:22.
“Melhor é serem dois do que um, porque tem melhor paga  do  seu  trabalho. Porque  se   caírem,  um  levanta  o companheiro;  ai, porem, do que estiver só;  pois  caindo, não haverá quem o levante. Se   alguém  quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não  rebenta  com  facilidade.” Ecle.4:9,10,12
Também podemos analisar alguns meros detalhes da nossa existência, desde o nosso nascimento até a morte, para que nos percebamos rodeados por equipes. Como exemplo disso, a equipe médica que faz o nosso parto, o casal pai e mãe que aguardam nossa chegada, o seio familiar com irmãos, primos, tios etc., mais adiante a equipe escolar, também muito amigos passam por nossas vidas, o casamento realizado pela equipe da igreja, ou seja, toda nossa sociedade é tida por relações de interdependência até que por fim, chegamos ao dia de nosso funeral, quando se faz necessário que uma equipe segure as alças do nosso caixão.
Com isso, trabalhar em equipe deveria ser instintivo ou mais simples do que realmente é.
Paralelamente, nossas capacidades de trabalho em equipe são extremamente limitadas e se quisermos melhorar temos muito para aperfeiçoar, no entanto, o mais importante é não cairmos na generalização de que o trabalho em equipe constitui sempre a solução para todos os males. E na educação, esse tema tem sido muito polêmico e exageradamente considerado o assunto central nas escolas. Às vezes chega se a impressão de que o trabalho coletivo virou uma utopia e tem sido o maior foco das instituições escolares, quando na verdade o foco, deveria ser o aprendizado do aluno. Muitos estudos apontam para os inúmeros benefícios que seriam adquiridos através da “colegialidade docente” e não existe como negar sua importância, porém, esse trabalho tem assumido características distintas nas escolas de umas para as outras, cada uma dentro de suas possibilidades. Com alunos diferentes, matérias diferentes e horários diferentes, é muito difícil encontrar professores que trabalhem em grupo de maneira única. Com uma cultura dividida e multifacetada, o trabalho docente em equipe tende a ameaçar a identidade e a segurança desses profissionais. Muitas vezes essa forma de trabalho acontece de forma artificial, principalmente quando existe discrepância de créditos e modos de ensinar entre grupos de professores. Outro fator que atrapalha a efetivação da colegialidade é o acúmulo de cargos docente em mais de uma unidade escolar, que impede com que o professor se dedique exclusivamente aos trabalhos grupais de apenas uma delas pela escassez de seu tempo. Além disso, temos profissionais docentes tidos como “mercenários”, que não colaboram, sem ideais ou fidelidade para com a função que ocupam e que descaracterizam o tão almejado trabalho escolar em equipe. Ainda existem muitas lendas em torno do trabalho em equipe que precisam ser questionadas e devidamente esclarecidas. Mas creio que todo excesso pode se tornar perigoso. Afinal, a diferença entre o remédio e o veneno é a dosagem de sua administração.

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